Afinal o que conta quando você está criando uma peça?
Porque Margiela é tão bom apresentando aquelas peças não usáveis e peças completamente simples?
Antes de tudo, deixo claro que não existe coleção sem conceito. O conceito existe, mesmo que este seja o de somente vender.
Porém dividimos em conceitual e comercial para já dar uma definição no propósito da criação.
Mesmo que o “comercial” tenha um tema e por mais que você deseje que seu “conceitual” seja vendável.
Por tal motivo eu prefiro mesmo pensar em coleções como “vanguarda” e “contemporâneo”. Mas, no final, qualquer tipo rótulo é sempre chato.
O ponto que quero chegar é que como é difícil avaliar uma criação ignorando o gosto pessoal.
A força da peça nem sempre transparece no seu resultado final.
Realmente grande parte se preocupa mais com a aparência final da peça.
Porém, o que acho muito mais importante, é quando o que faz aquela peça tão especial é o conceito por trás dela.
E é aí que a grande Maison Margiela é tão respeitada. A idéia por trás de toda criação é enquadrada no grande conceito da marca. E é aí mesmo que ela tem tanta moral. Pelo conceito não sair de cada coleção e cada hora ser uma coisa.
O conceito da MMM é tão grande e forte que consegue incorporar todas as criações da marca, praticamente todas as idéias que alguém da equipe tenha vontade de fazer.
Isso é realmente incrível. Não sei qual mais marca tem algo parecido.
Talvez a Anrealage com seus constantes estudos sobre o corpo o qual será construído o vestuário. Mas mesmo assim é diferente.
Então, a meu ver, tudo que você precisa para fazer uma boa coleção é uma boa desculpa. Se você convencer de onde todos seus estudos se baseiam, fazer as coisas terem sentido e explorar ao máximo. Ótimo, você já é incrível.
Mas ei...se você, além de tudo, conseguir fazer uma roupa interessante, bonita e usável (mesmo que pela Lady Gaga ou alguma pessoa que você encontrou na internet), aí sim não há discussão. Meus parabéns. Espero que faça muito dinheiro com a sua arte vendável e usável.
Atingir o equilíbrio entre o resultado final e o processo e base deve ser a chave do sucesso.
Não cheguei nem perto de assistir todas as bancas de trabalho de graduação na faculdade, mas uma das que presenciei realmente me chamou muita atenção.
O que me impactou tanto foi o fato de que eu acredito ser um daqueles conceitos fortes o bastante a ponto de manter a identidade de uma marca completa (como MMM faz), e não somente sustentar uma única coleção.
Eu gostei tanto, me senti tão parte daquilo que era algo que eu queria ter pra mim.
Assim como Isabella Blow comprou toda coleção de formatura do McQueen, eu gostaria de comprar esta coleção, este conceito e suas representações, os quadros que ela fez... Enfim. Parabéns pra Paola Saliby, que tem tanto a oferecer e compartilhar. Espero que ela tenha as devidas oportunidades para tal fazer. Acho incrível quando coisas podem despertar este desejo e emoção nas pessoas.
Quanto à minha coleção de formatura... Realmente, não que algo não faça sentido ou coisa do tipo, mas, por uma orientação falha, acredito eu, apropriei-me de muitas referências.
Culpa da parte escrita da monografia. Senti-me pressionada em atingir o tanto de páginas recomendadas, então tive conteúdo demais. Mais que o necessário pra fazer minha coleção.
A monografia conta basicamente com a parte em que faço um estudo da arte focada no que interessa ao meu tema, e a parte sociológica em que faço uma comparação com meu tema.
Acho que poderia ter um resultado suficiente com somente um dos dois abordados.
Talvez seja tanta coisa que fique complicado de explicar verbalmente (ainda mais pra mim que não tenho essa facilidade) e as pessoas se cansem.
As coisas nunca ficam perfeitas como imaginamos e gostaríamos, mas criei como eu queria criar e isso deve bastar.
As peças já estão no meu guarda roupa e já estou desfilando com elas por aí.
Uma coisa que realmente me irrita é uma pessoa fazer alguma coisa que não usaria. Parece que a pessoa não acredita no que ela faz.
Eu fiz minhas peças, eu as adoro, e meu propósito é realmente fazer o olhar das pessoas se acostumarem com outras coisas, como uma evolução, uma aceitação do conceito de cada um.
E de fato, as peças ficam incomparavelmente melhores quando coordenadas com roupas do dia-a-dia do que com outras peças da coleção.
Logo que der eu coloco a monografia na internet para o acesso de alguma forma e consigo algumas fotos das roupas também.
Parabéns pelo texto, em alguns momentos não imaginei de quem eram as palavras escritas acima. (rsrs)
ResponderExcluirQuando trabalhamos em um universo cômodo $$$ sobrando nos damos o direito sim der sermos conceitual e pirar à vontade; nos dois últimos desfiles que produzi na Casa de Criadores vi que lá a criação se perdeu e a real intensão é vender o produto desfilado através do ponto de venda que cada um conquistou.
Por conta do nosso aprendizado não conseguimos mais pensar em um desfile comercial, e uma coleção voltada apenas para a cara do produto final, ele que por sua vez é a única coisa que interessa a todos a Maison MM além do conceito possui um aspecto final excelente e apaixonate nas peças mais simples (por já ter experimentado).
Nesta minha última coleção como intitulo trabalho com peças que não vestem o corpo do dia a dia, são essencialmente o conceito, o shape e os novos detalhes para eu desenvolver uma coleção comercial sem haver necessidade alguma em me inspirar no que o mercado inter/nacional produz, porém este meu conceito é exclusivo para o caso de Eu como o Diretor de Criação.
Já o caso da Ellus que existem diversos estilistas acho totalmente válido a coleção comercial ser a inspiração para o conceitual, dessa forma o conceito é algo que comprova sua viabilidade para o comércio e quando entrar nas lojas valer de algo realmente forte e belo. (por mais que a Ellus não seja nem isso nem aquilo)
Como a proposta de desenvolver um logotipo vir após a coleção estar pronta, enfim o contrário é sempre mais intrigante!
Renan Serrano